sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

PARA O MINHA AMIGA SECRETA DORITA




Parte de mim se oculta
Nas dobras do tempo
Perdida em trevas
Contida na escuridão
Plena de incertezas
Vazia de contingência
Abandonada pela alegria
Abraçada pela solidão.



Esta parte sombria
Entristece-se com sua sorte
Lamenta a deriva do destino
Deixa-se abater pela dor
Comporta todo sofrimento
Que habita o âmago humano
Sem conceber a paz
Sem sentir o ósculo da morte.




Também ela concerne um fim
Infinito enquanto distante
Por se apenas uma sombra
Lancinante grito de lamento
Que jamais abandona o peito
Sufocando a única esperança
De poder ser livre... viver...
De sentir-se sopro afável
De não mais apenas sofrer...




Que esta parte jamais se mostre
Mantendo-se oculta no vácuo
Assim jamais serei um peso
Poderei permanecer inabalável
Ser o anjo que afugenta o desespero
Ser o abrigo que recebe o viandante
Ser o leito sereno que acolhe
A nau humana em seu percurso infindável...


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