terça-feira, 2 de dezembro de 2008

MEU AMIGO SECRETO DORITA





Parte de mim se oculta

Nas dobras do tempo

Perdida em trevas

Contida na escuridão

Plena de incertezas

Vazia de contingência

Abandonada pela alegria

Abraçada pela solidão.





Esta parte sombria

Entristece-se com sua sorte

Lamenta a deriva do destino

Deixa-se abater pela dor

Comporta todo sofrimento

Que habita o âmago humano

Sem conceber a paz

Sem sentir o ósculo da morte.

Também ela concerne um fim

Infinito enquanto distante

Por se apenas uma sombra

Lancinante grito de lamento

Que jamais abandona o peito

Sufocando a única esperança

De poder ser livre... viver...

De sentir-se sopro afável

De não mais apenas sofrer...



Que esta parte jamais se mostre

Mantendo-se oculta no vácuo

Assim jamais serei um peso

Poderei permanecer inabalável

Ser o anjo que afugenta o desespero

Ser o abrigo que recebe o viandante

Ser o leito sereno que acolhe

A nau humana em seu percurso infindável...



EU

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