quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

PARA MEU AMIGO SECRETO EMERSON SARMENTO

Sempre que duas pessoas se perdoam mutuamente,
É Natal.
Sempre que você mostra compreensão
para com seus filhos,
É Natal.
Sempre que você ajuda a alguem,
É Natal.
Sempre que alguém se decide a viver honestamente,
É Natal.
Sempre que nasce uma criança,
É Natal.
Sempre que você experimentar dar a
tua vida um novo sentido,
É Natal.
Sempre que você se olha com os olhos do "coração",
com um sorriso nos lábios
É Natal,
pois nasceu o Amor,
pois nasceu a Paz,
pois nasceu a Justiça
pois nasceu a Esperança,
pois nasceu a Alegria,
Pois nasceu Cristo, Nosso Senhor!
Desejo um futuro feliz para todos e um Feliz Natal!



sábado, 12 de dezembro de 2009

PARA MEU AMIGO SECRETO ROMMEL WERNECK

Para o Rommel
Vi suas opções de presente e achei todas muito criativas e interessantes. Mas são opções muito variadas. Você não poderia ser mais específico? Pretendo postar o presente até dia 20, no máximo e ainda estou em dúvida.

Grande beijo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

AO MEU AMIGO SECRETO ROMMEL WERNECK

Caro amigo secreto Rommel

Tenho vasculhado seu perfil e descobri que você está fazendo Letras e gosta do William Blake. Conheço pouco desse poeta, só sei que meu filho gosta dele também e meu filho é uma pessoa de bom gosto, portanto ele deve ser bom. Você poderia postar lá no vale quais os livros do Blake que você já ou que livro gostaria de ganhar.

P.S. : O afeto é uma coisa interessante. Nem te conheço, mas só de ter tirado já sinto carinho por você. Abraços

O Jardim do Amor





Tendo ingressado no Jardim do Amor,

Deparei-me com algo inusitado:

Haviam construído uma Capela

No meio, onde eu brincava no gramado.

E ela estava fechada; "Tu não podes"

Era a legenda sobre a porta escrita.

Voltei-me então para o Jardim do Amor,

Onde crescia tanta flor bonita,

E recoberto o vi de sepulturas

E lousas sepulcrais, em vez de flores;

E em vestes negras e hediondas os padres faziam rondas,

E atavam com nó espinhoso meus desejos e meu gozo.

PARA MINHA AMIGA SECRETA SANDRA

Amiga, fiquei muito feliz de ser você a minha amiga secreta. Para você com carinho:

Florbela Espanca




Conto De Fadas.


Eu trago-te nas mãos o esquecimento

Das horas más que tens vivido, Amor!

E para as tuas chagas o ungüento

Com que sarei a minha própria dor.



Os meus gestos são ondas de Sorrento...

Trago no nome as letras duma flor...

Foi dos meus olhos garços que um pintor

Tirou a luz para pintar o vento...



Dou-te o que tenho: o astro que dormita,

O manto dos crepúsculos da tarde,

O sol que é de oiro, a onda que palpita.




Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!

Eu sou Aquela de quem tens saudade,

A princesa de conto: "Era uma vez..."

PARA MEU AMIGO SECRETO ROMMEL WERNECK

Balada do Enterrado Vivo -

Vinícius de Moraes



Na mais medonha das trevas

Acabei de despertar

Soterrado sob um túmulo.

De nada chego a lembrar

Sinto meu corpo pesar

Como se fosse de chumbo.

Não posso me levantar

Debalde tentei clamar

Aos habitantes do mundo.

Tenho um minuto de vida

Em breve estará perdida

Quando eu quiser respirar.

Meu caixão me prende os braços.

Enorme, a tampa fechada

Roça-me quase a cabeça.

Se ao menos a escuridão

Não estivesse tão espessa!

Se eu conseguisse fincar

Os joelhos nessa tampa

E os sete palmos de terra

Do fundo à campa rasgar!

Se um som eu chegasse a ouvir

No oco deste caixão

Que não fosse esse soturno

Bater do meu coração!

Se eu conseguisse esticar

Os braços num repelão

Inda rasgassem-me a carne

Os ossos que restarão!

Se eu pudesse me virar

As omoplatas romper

Na fúria de uma evasão

Ou se eu pudesse sorrir

Ou de ódio me estrangular

E de outra morte morrer!

Mas só me resta esperar

Suster a respiração

Sentindo o sangue subir-me

Como a lava de um vulcão

Enquanto a terra me esmaga

O caixão me oprime os membros

A gravata me asfixia

E um lenço me cerra os dentes!

Não há como me mover

E este lenço desatar

Não há como desmanchar

O laço que os pés me prende!

Bate, bate, mão aflita

No fundo deste caixão

Marca a angústia dos segundos

Que sem ar se extinguirão!

Lutai, pés espavoridos

Presos num nó de cordão

Que acima, os homens passando

Não ouvem vossa aflição!

Raspa, cara enlouquecida

Contra a lenha da prisão

Pesando sobre teus olhos

Há sete palmos de chão!

Corre mente desvairada

Sem consolo e sem perdão

Que nem a prece te ocorre

À louca imaginação!

Busca o ar que se te finda

Na caverna do pulmão

O pouco que tens ainda

Te há de erguer na convulsão

Que romperá teu sepulcro

E os sete palmos de chão:

Não te restassem por cima

Setecentos de amplidão!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

PRA MINHA AMIGA SECRETA : Lucia Czermainski Gonçalves



Querida amiga secreta, seu presentinho ja foi comprado e dia 15 segue para o correio, vasculhei suas comunidades e seus gostos pessoais relacionados a literatura, espero que goste, comprei com carinho .
Enquanto ao seu presente virtual, aqui esta:

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

POEMA DE NATAL - Vinícius de Moraes






PARA MEU AMIGO SECRETO ROMMEL WERNECK

PARA MEU AMIGO SECRETO EMERSON SARMENTO

Na terra do coração passei o dia pensando - coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor - sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi:

Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se p6os. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.

Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.

Caio Fernando Abreu.